Ônibus elétricos parados em SP: Mercedes entrega 175 veículos, mas não recebe

Ônibus elétricos parados em SP: Mercedes entrega 175 veículos, mas não recebe
Foto: Reprodução

Falta de infraestrutura elétrica nas garagens impede uso dos coletivos e travam pagamento à montadora

Prefeitura e Mercedes culpam Enel por impasse na transição energética do transporte público

A Mercedes-Benz entregou 175 ônibus elétricos à Prefeitura de São Paulo, mas os veículos ainda não estão circulando nem foram pagos integralmente, segundo nota oficial da montadora. O motivo: ausência de estrutura adequada para recarga nas garagens das empresas operadoras — responsabilidade da concessionária Enel Distribuição São Paulo.

Os chassis do modelo eO500U foram fabricados entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, com o objetivo de compor a frota sustentável da cidade. Entretanto, a legislação municipal só permite o pagamento após os veículos entrarem efetivamente em operação.

“A empresa, até o momento, não recebeu integralmente os valores correspondentes”, informou a Mercedes-Benz.

Transição energética travada por falta de energia

A montadora afirmou que sugeriu à administração ajustes no modelo de subvenção pública, para acelerar a entrada dos veículos em circulação e viabilizar a transição energética. Já a Prefeitura de São Paulo diz que aguarda que a Enel “assuma suas responsabilidades” na instalação da infraestrutura de recarga nas garagens.

Atualmente, a capital paulista conta com 527 ônibus elétricos em circulação. A prefeitura reforça que esse número poderia ser muito maior se a concessionária tivesse cumprido as metas de fornecimento de energia.

A meta da administração municipal é clara: eliminar gradualmente os ônibus a diesel, que hoje ainda representam cerca de 47% das emissões de poluentes no ar da cidade. Desde 2022, novos veículos a diesel estão proibidos de integrar a frota.

Enel rebate e cita 32,3 MW de capacidade já entregue

Em resposta, a Enel afirmou que já entregou desde 2024 uma infraestrutura com capacidade energética de 32,3 MW para as garagens de ônibus elétricos. Segundo a concessionária, a instalação da estrutura externa é sua responsabilidade, mas a parte interna cabe às operadoras.

A empresa informou ainda que realiza reuniões semanais com a SPTrans e operadoras para acompanhar os projetos e que os prazos variam conforme a complexidade e a documentação entregue.

“Os contratos só são assinados após a apresentação completa da documentação pelas operadoras”, destacou a empresa.

Enquanto isso, a cidade convive com ônibus elétricos parados, uma montadora sem pagamento integral e população sem acesso à frota moderna prometida.

Igor Roberto

Estudante de Direito e formado em Gestão Pública, com mais de 10 anos de experiência como setorista especializado em mobilidade e transportes. Apaixonado por informar e debater soluções para os desafios urbanos, é o criador da Rede Noticiando, um portal de referência para quem busca entender e acompanhar as principais novidades e tendências do setor. Quer falar com o Igor? Envie e-mail para [email protected]

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